sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gameplayer 'amadores' superam 'profissionais' em disputa de jogos.

Foto:Gustavo Petró/G1

Seleção de gamers terá centro de treinamento antes do mundial na China.
Nenhum dos nove jogadores classificados possui patrocínio.

No esporte, ter patrocínio é quase uma garantia para se conseguir bons resultados, permitindo focar-se apenas aos treinos e às competições. No ciberesporte, os atletas patrocinados, com salários, equipamentos de ponta e até auxílio psicológico também têm essa garantia. Entretanto, ela não existiu na etapa nacional do World Cyber Games (WCG), competição de videogames que aconteceu neste sábado (26) e domingo (27) em São Paulo. Nenhum dos nove integrantes da seleção que disputará o mundial na China possui patrocínio.



O torneio teve a participação de 172 gamers que disputaram o título de melhor do Brasil nas categorias “Counter-strike” (tiro), “Fifa 09” (futebol), “Trackmania nations” (corrida), “Carom 3D” (sinuca) e “Guitar hero” (musical). A delegação é composta pelo vencedor de cada jogo e pela equipe de “Counter-strike”, que possui cinco jogadores.



Computador fraquinho


O vencedor da categoria “Carom 3D” não se considera um sortudo, mas ele mal tinha um computador para treinar para o WCG. O capixaba Jean Michel Monico, de 22 anos, teve que reduzir a qualidade gráfica do jogo para que ele conseguisse, no mínimo, dar uma tacada com alguma precisão no jogo de sinuca. “Treinar on-line, mesmo sendo algo muito importante, era um grande desafio, pois era quase impossível ver as bolas se movendo na tela”, lamenta. “Se eu tivesse um bom computador ou um patrocínio, meu resultado seria melhor”.



O cronograma de treinos do estudante de engenharia civil para a final mundial, que acontecerá nos dias 11 e 15 de novembro na cidade de Chegdu, na China, depende de uma máquina mais potente. Ele, no entanto, não se importa em não ter patrocínio. “Certamente, terei um bom resultado no mundial independentemente do computador que eu tiver, mas meu foco agora será conseguir PC melhor para poder treinar.”


Tanto o vencedor da categoria “Fifa 09” quanto os integrantes da equipe vitoriosa da categoria “Counter-strike” já tiveram patrocínio. Hoje, investem sozinhos em suas carreiras como jogadores profissionais de videogame, custeando equipamentos e viagens para competições.



É o caso do jogador do simulador de futebol André Buffo. Com apenas 18 anos, ele já é experiente no WCG e em outras competições de games, tendo participado de torneios desde 2006. Até maio deste ano, ganhava salário e uma empresa pagava por suas viagens. “O fato de ter patrocínio deixa o jogador mais nervoso. Há uma cobrança, uma obrigação para ganhar”, afirma. “Sem patrocínio, estou muito mais calmo para jogar e uso a experiência ao meu favor.

Mas o auxílio financeiro faz com que [o gamer profissional] possa treinar mais e com tranquilidade, sem precisar passar o dia no trabalho”.



No exterior, os ciberatletas recebem dinheiro suficiente dos seus patrocinadores para viajar pelo mundo e participar de diversos campeonatos. Sem precisar trabalhar, eles treinam entre 10 e 12 horas por dia, além de ter computadores de última geração.


A equipe vencedora na categoria “Counter-strike”, a “Fire gamers”, sentiu na pele a diferença de não ter patrocínio no WCG. Sem apoio financeiro, eles enfrentaram a maior equipe do país que compete no jogo de tiro, a “mibr”. Os cinco integrantes deste time viajam mensalmente para a Suécia para treinar – tudo bancado por uma empresa. Com isso, a vitória da equipe teve um sabor ainda mais especial. “Como eles [‘mibr’] são patrocinados, a equipe tem uma agenda lotada de competições pelo mundo”, conta Renato Nakano, integrante do “Fire gamers”. “Desse modo, tanto faz ganhar a vaga para o mundial, pois já há viagens garantidas. Para nós, o mundial na China é a última competição do ano”.



Nakano admite que o incentivo financeiro é importante e que as empresas brasileiras precisam investir no ciberesporte. “Com essa vitória, correremos atrás de um patrocinador. Treinar no Brasil é muito ruim, a qualidade dos competidores é baixa. Para conseguir bons resultados a nível mundial, precisamos treinar no exterior”, afirma.

Centro de treinamento

Como a maioria dos jogadores classificados não conta com patrocínio e nunca foi para a final mundial do WCG, a empresa organizadora do evento pensa em criar um “centro de treinamento gamer”. O objetivo é permitir que a equipe brasileira tenha todas as condições necessárias e computadores de ponta para trazer medalhas da China.



“Durante o mês de outubro, criaremos um cronograma e haverá equipamentos para os competidores treinarem em uma de nossas lojas”, afirma Rodrigo Moretz, gerente de marketing da empresa organizadora do World Cyber Games. “Desse modo, os jogadores chegarão preparados na China e poderão ter desvantagem apenas no lado emocional e não no lado técnico”.



Outro incentivo é que, além do prêmio em dinheiro no caso de uma vitória no mundial, os brasileiros que trouxerem medalhas ganharão uma TV. “Por isso, outubro será um mês de concentração”, brinca Moretz .

Fonte: http://www.g1.com.br/

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