domingo, 30 de janeiro de 2011

Será que faltam líderes no mercado?


A mídia escrita e falada aponta que algumas empresas têm encontrado dificuldade na identificação de profissionais preparados para posições de liderança.

Consultores e profissionais de seleção em geral consideram que os candidatos estão tecnicamente preparados, mas não têm experiência em liderança. Atribuem essa suposta falta de líderes à economia aquecida e as falhas na previsão dessa demanda. Será que é só isso?

Atendo profissionais em transição de carreira que possuem vasta experiência em liderança e estão no mercado à procura de trabalho. O que será que está ocorrendo nessa relação de oferta e procura? Será mesmo que deixamos de “produzir” líderes e os que existem estão despreparados? Quais são as características que as empresas procuram e não acham? Os profissionais que atendo têm se queixado que nos processos de seleção dos quais participam, são, com muita freqüência, considerados super dimensionados para as posições em termos de salário, experiência e idade.

Profissionais experientes e capacitados, em geral, são mais velhos e mais caros. Os perfis procurados pelas empresas são de profissionais mais jovens que aceitam uma remuneração menor e, são, portanto, mais operacionais e não têm experiência suficiente em liderança. Existe, portanto, uma dissonância entre o que a empresa deseja e a oferta de mercado. Ou a empresa passa a contratar profissionais mais jovens para posição de comando e se compromete a desenvolvê-los em liderança ou ela terá necessariamente que buscar profissionais mais experientes e, conseqüentemente, mais caros.

Penso que a discrepância toda entre oferta e procura se deve também ao fato de que aumentam cada dia mais os casos de sofrimento no trabalho. Os profissionais mais experientes, hoje, pensam duas vezes antes de voltar a trabalhar em empresas. As longas jornadas de trabalho, a necessidade de estar conectado todo o tempo para dar conta da comunicação entre países diferentes, respeitando seus fusos-horário, o reportar-se para mais de um chefe, as metas muitas vezes pouco realistas, a constante pressão por resultados, entre outros fatores comuns e conhecidos do modelo corporativo fazem com que os líderes reflitam sobre seu genuíno interesse em enfrentar novamente as regras desse jogo.

Os mais jovens, por sua vez, mesmo com cursos de liderança, coaching, e que aceitam essas regras do jogo, precisam ter a oportunidade de apreender fazendo. O profissional se desenvolve no caminho da liderança ao exercê-la, ao acertar e errar. Se as empresas têm pressa e não podem acompanhar a aquisição dessa experiência, será mais sábio que elas contratem os profissionais prontos e caros. Jovens profissionais poderão se tornar líderes se forem comandados por líderes experientes e maduros que permitam esses acertos e erros, uma empresa deve ter em seu quadro, uma mescla de profissionais em termos de idade e experiência porque é a diversidade e a troca entre eles que favorece o desenvolvimento de todos.

Fonte: http://www.mariagiuliese.com.br/2011/09/05/sera-que-faltam-lideres-no-mercado/

Mariá Giuliese é Especialista em Análise e Aconselhamento de Carreira, Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica – Psicanálise, Pós-graduada em Psicanálise e Psicologia Organizacional pela PUC/SP. É Consultora em Career Transition Management certificada por CPI – Career Partners International e Coach certificada em Life Options por Retirement Options.

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