domingo, 1 de abril de 2012

Primeiro de abril: as mentiras e suas consequências

1º de abril, é o dia oficial de contar mentiras. Mentiras inocentes, sérias, para assustar ou só para brincar com o pessoal do trabalho: hoje pode. Mas até onde uma mentirinha é aceitável?

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Quem inventa muita história tem medo de rejeição e mania de querer agradar a todos. Mentir para se livrar da culpa, para não causar discussões ou por medo de perder a confiança de uma pessoa querida é hábito entre muitas pessoas.

Mas tudo tem uma consequência: os principais problemas causados pela mentira estão diretamente ligados à sua credibilidade, já que todo mundo vai questionar suas palavras dali para frente, achando que tem algo falso ali no meio. Quem engana os outros de propósito precisa ter noção de que, quando for descoberto, vai ter de enfrentar a desconfiança mesmo quando estiver falando a verdade.

A bacharel em Direito Mayara Tuppã dos Santos Mattos, 23, aprendeu desde pequena as consequências que uma mentira traz. “Quando eu era criança fui brincar com uma prima em uma casa abandonada que eu era proibida de entrar. Meu pai me procurou na rua e não me achou, e quando me perguntou onde eu estava eu menti, e ele sabia que eu estava mentindo. Acabei tendo que contar a verdade de qualquer jeito e chorei muito porque me senti culpada pelo que fiz”.

Ela conta que o pai sentou e conversou depois do episódio da mentira e ela acabou levando para a vida toda o aprendizado. “É difícil falar a verdade sempre, mas mentir não é certo, a gente tem que ser sincero sempre senão acaba perdendo a confiança das pessoas”.

Mentirinhas que não incomodam

A funcionária pública Eliana Takahashi de Andrade, 33, e o marido, o vendedor Edson Ricardo Baessa, 35, não se incomodam com mentiras pequenas. “Às vezes a gente precisa mentir. Desde que não interfira no relacionamento acredito que não tem problema nenhum”, conta Eliana.

Edson, que tem como hobby a pescaria, confirma que pescador e mentiras são coisas que estão sempre juntas.

“Pescador mente mesmo. Eu volto das pescarias sempre cheio de histórias fantásticas pra contar, de peixes enormes que eu pesquei e meus amigos pescaram também”, conta em meio a risos.

Pedagoga ensina o filho a não mentir

Já a pedagoga Margareth Pinfildi, 45, afirma que não conta nem mentiras grandes e nem pequenas, e ensina o filho Eduardo, 12, a não mentir. “Entre os amigos dele ele deve brincar, mas em casa ele avisa quando precisa contar alguma coisa séria e eu tento conversar com ele e explicar que mentir traz mais problemas para a vida da gente”, conta.

Ela afirma que no dia-a-dia as pessoas costumam mentir sobre coisas pequenas, mas ela tenta ser sincera o tempo todo. “Às vezes as pessoas ficam chateadas de ouvir a verdade, mas é o caminho mais correto. Quem mente, nunca consegue mentir só uma vez, sempre tem mais”. mentira-Charge_LULA_www.in6.com.br

O que há por trás das mentiras que eles e elas contam no relacionamento

A psicóloga especialista em relacionamentos afetivos e diretora da agência de namoro Eclipse Love (www.eclipselove.com.br), Eliete Matielo, responde perguntas sobre a mentira no relacionamento e revela o que quer dizer as mentiras que os homens e as mulheres contam na relação.

Uma pesquisa recente, realizada pelo museu da ciência de Londres, afirma que mentir faz parte da natureza humana e que é importante para a interação social. Também se constatou que os homens mentem mais que as mulheres.

Homens e mulheres mentem pelo mesmo motivo?

A mentira normalmente é dita para evitar uma discussão, um julgamento e, consequentemente, ser punido pelo comportamento. Mente-se, também, para obter vantagens sobre os outros. Cada pessoa tem seu motivo particular para mentir ou não contar a verdade. Nem sempre se pode aceitar a verdade sem algum tipo de julgamento. Em um casal, se todo relato passa a ser motivo de brigas, críticas, julgamentos ou punições é provável que a pessoa não conte mais tudo que se passa com ela, ou que mude alguns fatos do que realmente aconteceu. Isso acontece em todos os tipos de relação, mas principalmente nas relações amorosas percebemos os efeitos da mentira. Para cultivar a verdade entre o casal é importante ouvir e respeitar o parceiro. Dar espaço para as pessoas dizerem o que pensam é um bom caminho para evitar a mentira.

Quais as mentiras mais comuns deles e delas e qual o significado real de cada mentira?

“Juro que nunca te traí” - Se o parceiro disser que traiu quando o outro perguntar, certamente causará uma discussão ou rompimento da relação.

“O problema não é com você, é comigo” - Com essa frase se evita falar a verdade e magoar o parceiro(a). A verdade por trás desta frase é “Não gosto mais de você e estou interessado por outra pessoa” ou “Nosso relacionamento chegou ao fim”.

“Vou trabalhar até mais tarde, não me espere para o jantar, amor” - Se existe o respeito na individualidade de cada um no casal e a pertinência de entender que ele (ou ela) pode se reunir com amigos para um happy hour sem traição, normalmente se falaria a verdade.

“Não há nada de errado, estou bem” - O discurso é um e o comportamento diz outra coisa. Muitas vezes se diz isso para chamar atenção ou demonstrar que está chateado com algum comportamento do parceiro, mas há receio em dizer.

“Estou chegando, fiquei preso no trânsito” - Essa mentira é muito usada para justificar atrasos e acalmar o parceiro (a), para não ser julgado ou criticado.

Como perceber se o parceiro está mentindo?

Mentirosos podem olhar diretamente nos seus olhos, e quem conta a verdade pode ficar inquieto e parecer evasivo. Não há uma característica específica e exata para saber se uma pessoa está mentindo. É importante identificar desvios no padrão de comportamento da pessoa. Se a pessoa normalmente não mantém contato visual e pisca muito, mas encara você quando responde alguma pergunta em particular, esse é seu sinal de perigo. Às vezes, pode não haver pistas visuais ou na linguagem corporal que acompanhem a mentira. Ouça a história e a argumentação da pessoa.

Você quer que as pessoas digam a verdade?

Os psicólogos procuram ter na relação com seus clientes um discurso não-punitivo. Isso significa ouvir e não julgar, ouvir e não criticar, ouvir e não punir. Tal contexto é que torna possível o relato do cliente/paciente sobre assuntos e temas que não seriam compartilhados nem com os bons amigos.

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