A excelente apresentação da rainha Elizabeth como uma "Bond girl" na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos coroa uma operação especial que já dura 15 anos para tentar mostrar a monarquia como a escolha popular para representar uma Grã-Bretanha 'descolada'.
Escoltada por James Bond, interpretado pelo ator Daniel Craig, em um helicóptero sobrevoando uma Londres festiva, a rainha de 86 anos apareceu supostamente saltando com um paraquedas com a bandeira britânica na chegada olímpica que se destacou sobre a de qualquer outra pessoa.
A estreia em um filme da segunda monarca há mais tempo no trono na história britânica marca o apogeu de mudanças pouco sutis, que desde a morte da princesa Diana, em 1997, vêm tornando mais acessível uma família real que já foi dolorosamente solene.
"Houve um toque de leveza no que a rainha fez nas Olimpíadas --foi absolutamente certo", disse Simon Lewis, que como secretário de Comunicação da rainha de 1998 a 2000 ajudou a polir a reputação da monarca após a morte de Diana.
"Foi perfeitamente decidido e completamente de acordo com a ocasião", disse Lewis à Reuters. "A monarquia em 2012 é o produto de uma grande dose de raciocínio cuidadoso ao longo do tempo e de algumas medidas delicadas e pequenas ao longo do caminho".
Pesquisas mostram que a soberana continua muito popular entre ingleses, escoceses, galeses e irlandeses que compareceram em peso em junho para a festa do Jubileu de Diamante.
Digna e serena, e agora com um toque de humor travesso, foi a própria rainha quem dirigiu a remodelação de uma Grã-Bretanha que luta contra o declínio e contra a pior crise econômica desde a Grande Depressão.
"A rainha foi a estrela do show --ela estava maravilhosa", disse um soldado escocês servindo nos Jogos e que só se identificou como Jimi porque não fora autorizado por seus superiores a falar com a mídia.
"Ela foi a melhor parte", disse ele. "Acho que mostra às pessoas outro lado dela. Eu acho que o povo a ama, mas desde o Jubileu e depois disso, muito mais gente viu que rainha maravilhosa ela é".
O show brincalhão da rainha na abertura das Olimpíadas mostra quanto progrediu a remodelagem da família real britânica.
Para uma bisavó nascida em 1926 --quando Calvin Coolidge era o presidente norte-americano e Josef Stálin o líder da União Soviética--, estrelar junto com o espião fictício e com 'licença para matar' de Ian Fleming seria impensável quando o pai dela, George VI, abriu os últimos Jogos de Londres, em 1948.
Na época, George VI usou farda para abrir os Jogos, em comparação ao vestido de coquetel na cor pêssego de Elizabeth junto com o smoking de Craig como James Bond.
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