quinta-feira, 26 de julho de 2012

"A Vida dos Peixes" revela vida sem atrativos

A Vida dos Peixes revela vida sem atrativos

Andrés (o venezuelano Santiago Cabrera, da série "Dexter"), protagonista de "A Vida dos Peixes", teria muito a conversar com o personagem-título de "O Turista Acidental". Ambos escrevem guias de viagem e usaram a profissão e o constante deslocamento em lugar de viver suas vidas.

Neste drama chileno, que estreia em São Paulo, o personagem volta à sua cidade para vender os imóveis que herdou e reencontrar com amigos da juventude e, com isso, revê sua vida e os erros cometidos.

Quando chega à casa de um amigo, acaba participando de sua festa de aniversário. É nela que irá reencontrar várias pessoas de seu passado e constatar como sua vida não mudou. O cenário é quase tão asfixiante quanto um aquário - daí o título.

O filme se passa praticamente inteiro dentro de uma casa, onde acontece a festa e Andrés revê amigos e a ex-namorada, Beatriz (Blanca Lewin, de "Na Cama"), agora casada e mãe de família.

Ao reencontrar o passado, fica evidente o paradoxo na vida do protagonista. Apesar de viajar bastante em função de seus guias, a vida de Andrés está parada no mesmo lugar - como lhe aponta sua ex-namorada. As interações com outros personagens - como os filhos ou a irmã do aniversariante - servem para delinear o passado do protagonista e o contrapor com seu presente.

Como em seu único filme lançado no Brasil, "Na Cama" (que ganhou uma refilmagem não assumida no país, chamada "Entre Lençóis"), o chileno Matías Bize confina seus personagens a um único ambiente e, uma vez acuados, são obrigados a encarar questionamentos e mergulhar em suas dúvidas. Não há escapatória.

Sinopse:

Andrés vive na Alemanha há dez anos. Trabalhando numa revista de turismo, viaja constantemente e leva uma vida solitária, sem criar muitos laços. Antes de se instalar em Berlim em definitivo, ele decide fazer uma viagem ao Chile para resolver pendências do passado. Durante sua estadia, vai ao aniversário de um antigo amigo, e embora sinta que tem pouco em comum com o mundo que deixou para trás, o reencontro com amigos de infância e com Beatriz, seu grande amor que terminou mal resolvido, o faz confrontar e reavaliar sua vida. Selecionado para o Festival de Veneza.

Um filme como esse depende dos atores e de bom texto. Os diálogos dão conta do passado e do presente. E Bize encontra em Cabrera o intérprete ideal para o melancólico protagonista. Como William Hurt, em "O Turista Acidental", ele parece não agir, mas apenas esboçar reações à medida que a vida e seus erros caem sobre sua cabeça e ele percebe que terá de mudar, caso queira seguir em frente.

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