A Embraer não espera uma queda em seu ritmo de produção e prevê estabilidade da carteira de pedidos (backlog) na aviação comercial, mesmo após a carteira total da fabricante de aviões atingir o menor nível em seis anos.
A pressão nos preços dos jatos comerciais --maior fonte de receita da empresa brasileira-- é uma "preocupação crescente", mas ainda não afetou os negócios já fechados da companhia, segundo o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado.
"A preocupação aumenta em relação a preços, mas até agora nada de concreto aconteceu nesse sentido. Somos bastante conservadores", disse o executivo em teleconferência com analistas nesta terça-feira.
"Não estamos vendo uma tendência geral de cancelamentos. Temos muitas oportunidades na América Latina (e) do Norte... mesmo com a economia permanecendo fraca vemos algumas oportunidades aqui e ali", completou.
Para 2013, o cenário também é otimista. "Neste momento, nós estamos mantendo as taxas de produção em jatos comerciais como está... hoje nós estamos confiantes de que não mudaremos nossa taxa de produção de E-jets."
O otimismo também pode ser observado no segmento de aviação executiva. Segundo a companhia, haverá "ligeiro" aumento da produção desses aviões no próximo ano. Além disso, no segmento de defesa, em que o crescimento é orgânico --por meio da criação de um novo cargueiro, por exemplo--, a expectativa também é de aumento de produção em 2013.
"Estamos muito otimistas em relação ao longo prazo, estamos progredindo. Nós ainda temos um grande desafio mas achamos que as nossas projeções ainda estão factíveis, estamos agindo de acordo com a nossa estratégia", afirmou Curado.
Na noite de segunda-feira, quando divulgou seus resultados trimestrais ao mercado, a Embraer revisou para cima as projeções para margem operacional e margem Ebtida (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) em 2012.
De acordo com o vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da companhia, José Antônio Filippo, um cenário mais favorável observado localmente favoreceu a revisão das estimativas. "O fator câmbio e o pacote de incentivos do governo nos afetam positivamente", explicou, em teleconferência com jornalistas, mais cedo.
A nova expectativa é de que a margem operacional encerre o ano entre 9 e 9,5 por cento, contra previsão anterior de 8 a 8,5 por cento. Para a margem Ebtida, a nova projeção é de que encerre o ano entre 12,5 e 13,5 por cento --anteriormente a expectativa era de 11,5 a 12,5 por cento.
A fabricante de aeronaves encerrou o segundo trimestre com encomendas a entregar de 12,9 bilhões de dólares, contra 14,7 bilhões de dólares três meses antes.
De acordo com Filippo, o atual backlog da Embraer representa cerca de dois anos de faturamento e sofreu um "efeito importante" no segundo trimestre por conta das entregas de aeronaves feitas entre abril e junho deste ano, que foram de 55 unidades.
"Temos um produto competitivo, mas um mercado que hoje tem essa situação... oportunidades existem e nesse momento não vemos nenhum problema na carteira de pedidos", afirmou.
No segundo trimestre, o lucro líquido da companhia foi de 114,8 milhões de reais, abaixo dos 153,8 milhões de reais obtidos no mesmo período do ano passado. O resultado sofreu impacto de aumento da despesa de imposto de renda e contribuição social, de 289,5 milhões de reais no período, contra 26,7 milhões de reais no trimestre imediatamente anterior.
O Ebtida totalizou 524,4 milhões de reais entre abril e junho, após 250,4 milhões registrados um ano antes. Já a receita líquida da Embraer passou de 2,168 bilhões de reais no segundo trimestre de 2011 para 3,384 bilhões de reais entre abril e junho de 2012.