Um trem está indo em direção e há cinco pessoas que não poderiam escapar e só você está perto o suficiente para fazer qualquer coisa. Você pode redirecionar o trem para uma faixa diferente, com apenas uma pessoa ao longo do percurso.
Recententemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado de Michigan, EUA, colocou os participantes em um ambiente 3D e ofereceu a possibilidade de matar uma pessoa para salvar cinco (em um cenário digital bem realístico). Os resultados do dilema moral? O esperado: 90% dos participantes redirecionaram o trem, afirmando que se sentiram seguras em mudar a direção e matar uma pessoa, sabendo que outras vidas seriam salvas, mesmo que sejam contra matar.
O psicólogo evolucionista David Carlos Navarrete acredita que há uma questão ainda mais profunda que pode ser explorada com essa situação, um dilema moral que os filósofos têm contemplado durante décadas. Esta é a primeira vez que o dilema foi colocado como um experimento comportamental em um ambiente virtual.
Os participantes da pesquisa foram apresentados a uma versão 3D simulando um dilema clássico, apesar de ser um dispositivo montado na cabeça. Sensores foram anexados ao seu alcance para monitorar a excitação emocional.
No mundo virtual, cada participante foi colocado em um ponto da ferroria, onde havia uma bifurcação dos trilhos. Mais à frente e à direita, foram colocadas cinco pessoas próximas a um barranco, que impedia sua fuga. No outro lado, havia uma única pessoa na mesma situação que as demais.
À medida que o vagão se aproximava no horizonte, os participantes da pesquisa poderiam fazer alguma coisa ou não fazer nada - deixando o vagão cheio de carvão permanecer no percurso e matar as cinco pessoas - ou puxar um interruptor (neste caso, um controle) e redirecionar o vagão para a faixa ocupada por apenas uma pessoa.
Dos 147 participantes, 133 (90,5%) apertaram o controle para desviar o vagão, resultando na morte de uma pessoa virtual. 14 participantes permitiram que o vagão matasse as cinco pessoas (11 participantes não apertaram o controle, enquanto três o apertaram, mas depois mudaram de ideia e o deixaram na posição inicial). O estudo também descobriu que os participantes que não apertaram o controle estavam mais emocionalmente alterados.
As razões para isso são desconhecidas, embora possa ser porque algumas pessoas congelam durante momentos de grande ansiedade, da mesma forma que um soldado não dispara sua arma na batalha, aponta Navarrete. "Acho que os seres humanos têm aversão a prejudicar os outros", diz Navarrete. "Com o pensamento racional, às vezes, podemos substituir - pensando nas pessoas que deixará de matar, por exemplo -, mas, para algumas pessoas, a ansiedade é tão grande a ponto de não fazerem a escolha mais utilitária, e a escolha pelo maior número pode parecer boa".
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