quarta-feira, 6 de junho de 2012

Cientistas fazem ratos paralisados andarem

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A paralisia, devido a danos irreparáveis na medula espinhal, segue sendo um problema praticamente insolúvel para a medicina. Ainda que estejamos longe de tal solução para seres humanos, pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia, em Lausanne (Suíça) deram um passo importante para resolver este problema com ratos. Depois de interromper a comunicação entre o cérebro e os membros dos camundongos, os pesquisadores suíços estimularam o movimento das patas traseiras de maneira artificial por algumas semanas, até que o cérebro reaprendesse a controlá-las. E funcionou.


Recuperando o movimento perdido


O procedimento com os ratos foi simples: os cientistas fizeram, em cada animal, dois cortes na medula espinhal, de forma a interromper a comunicação entre o cérebro e os nervos. Os cortes foram feitos com duas vértebras de distância entre eles. Foram necessários dois cortes porque uma medula espinhal é dividida em duas vias (ascendentes e descentes). Fazendo um corte em cada uma, os cientistas garantiram que todos os nervos que respondem à medula fossem inutilizados. Depois do corte, os camundongos perderam totalmente o movimento das patas traseiras, embora ainda pudessem usar as dianteiras para se locomover precariamente. Para garantir que os ratos não "trapaceassem" e se locomovessem com as patas dianteiras, os pesquisadores suspenderam a parte frontal de seus corpos com um gancho e os deixaram apoiados apenas sobre os membros traseiros, teoricamente "mortos". Nesse momento, entram em cena os robôs. Meia hora por dia, seis dias por semana, os ratos foram colocados em uma máquina que dava injeções elétricas nos neurotransmissores, a fim de estimulá-los e simular uma conexão entre o cérebro e as pernas.


Como "enganar" a falta de medula


Em outras palavras, as pernas se movimentavam por algum tempo; o movimento era graças às descargas elétricas, mas para o corpo era como se o cérebro houvesse dado o comando. Passou-se uma semana, e os ratos continuavam mexendo os membros traseiros apenas por causa das injeções. Na segunda semana, veio a grande descoberta: cedo ou tarde, os ratos começaram a conseguir a mover as patas por conta própria! O cérebro, depois de "reparar" que as pernas se moviam involuntariamente por tanto tempo (e com periodicidade), voltou a assumir as pernas de seu corpo. Por um motivo que ainda é um mistério para os cientistas, novas conexões nervosas foram criadas, e a partir daí os ratos assumiram gradativamente o controle dos seus membros. Dentro de pouco tempo (nove semanas, em média), já eram capazes de subir escadas e ziguezaguear por obstáculos.


Os poréns


Em muitos aspectos, a pesquisa foi um sucesso absoluto. Mas é claro que ainda há muito que se considerar, e não somente o clássico (e também verdadeiro, nesse caso) "ainda não se sabe se o mesmo procedimento pode ser testado em humanos". Apesar de o cérebro dos ratos ter aprendido a retomar o controle das próprias patas, eles continuaram só conseguindo movê-las com as descargas. Ou seja, os animais eram capazes de controlar o movimento, mas não de iniciá-lo sem o "empurrãozinho" artificial. Além disso, eles ainda necessitam do auxílio dos robôs (e do gancho com os arreios) para poder se locomover. Se fossem deixados no ambiente sem amparo nenhum, continuariam incapazes de dar um só passo. Mas isso não desanima os pesquisadores suíços e a comunidade científica, que afirmam se tratar de um grande avanço.

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